quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Salitre de mármore



Abrevio-me à beira mar
Sobre as algas aconchegantes
Enquanto ensaio percursos na ilusão
De te reencontrar

Quem me dera surgir da quietude
Dos rochedos, oferecer o meu corpo
À falésia e albergar a dor na penumbra
Do entardecer

Não sufocarei o cio da boca
Onde as palavras se dispersam
Num orgasmo mar a dentro

Gritarei por ti até que a morte
Me encontre nos teus braços
Neste salitre de mármore


Carlos Val

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A dor do peso do papel


Agora só vens no veludo dos sonhos
No esquecimento da voz, persigo-te
No vazio da noite atrás das sombras
Por baixo do pavio das velas, na cera
Que pinga nos meus braços nus

Queima-me a dor do peso do papel
Sobre o azul celestial do mar
E cada grão de areia é um punhado
De terra que nasce dentro de mim

São horas de ter medo, do cheiro
Supérfluo que escorre do teu retrato

Carlos Val